segunda-feira, 26 de maio de 2014

Moto Táxi

Moto-táxi

Primeiras horas de sol

a rotina começa
a massa dispersa
foge do lençol

O que se escreve não morre
E o sentimento não para
A coisa banal é rara
na poesia percorre

Me esforço num poema

É que numa tarde de sexta,
após ler as obras de Marx
Indo aos meus compromissos
Apreciei borboletas
no ombro de um moto-táxi

quarta-feira, 7 de maio de 2014

As idades

A santa inquisição maltratou vários hereges
(aqueles, que não concordavam com a igreja)

Era a justiça dela, na idade média

Longe dessa época, no século XXI
dotada de uma ternura perfídia
A inquisição não é santa, mas mata
na idade mídia

Des-gosto

No poema que escrevi há um ano,

está
lido
um 
ledo 
engano

No quintal

Não haviam ganchos de rede, pr'eu deitar!
Havia uma mangueira, 
(a árvore que dá mangas!) 
E uma coluna de ferro d'um muro há dois metros 
Armei a rede nos ganchos improvisados...
Muro, coluna e mangueira, a ver da tarde, o seu fim
e ninguém mangou de mim...

Pro fundo

Marcelo viu o vento
e sorriu
ficou velho
mal-humorado, marrento
sentiu
trabalhou, tornou pai
chorou, criou ais 
e viu
que a única casa que lhe regressara o tempo
era a poesia 
aceitou, bocejou
e dormiu